Você tem a sensação de que o número de mulheres que se queixam de dor nas costas é maior que o número de homens? Ambos os sexos podem enfrentar esse desconforto, mas existe sim uma tendência maior de as mulheres apresentarem esse sintoma devido a uma complexa interação de fatores biológicos e hormonais.

A diferença na estrutura anatômica entre homens e mulheres é um dos principais fatores. Mulheres geralmente têm uma pelve mais larga em comparação com os homens, o que pode resultar em uma curvatura lombar mais acentuada, que contribui para um aumento da pressão sobre os discos vertebrais e os músculos das costas, levando a um maior risco de dor.

Hormônios também desempenham um papel significativo. Durante o ciclo menstrual, os níveis de estrogênio e progesterona flutuam, afetando a elasticidade dos ligamentos e músculos e também a resposta à dor. Isso pode tornar as mulheres mais suscetíveis e sensíveis a lesões e inflamação na região lombar durante certas fases do ciclo.

Na fase pré-menstrual, por exemplo, os níveis de estrogênio e progesterona diminuem, afetando a produção do líquido sinovial e levando a uma maior probabilidade de tensão muscular e irritação dos nervos na região lombar. Tudo isso pode levar a uma maior sensibilidade à dor na coluna.

Além disso, durante a gravidez, os níveis hormonais sofrem alterações significativas para acomodar o desenvolvimento do feto. O aumento dos níveis de progesterona relaxa os ligamentos pélvicos e articulares, preparando o corpo para o parto. No entanto, esse relaxamento excessivo pode levar a uma maior instabilidade na região lombar e aumentar o risco de dor nas costas.

Após o parto, os hormônios continuam a desempenhar um papel importante na recuperação do corpo. A amamentação, por exemplo, está associada a uma redução temporária nos níveis de estrogênio, o que pode afetar a densidade óssea e a saúde das articulações, contribuindo indiretamente para a dor nas costas em algumas mulheres.

É importante reconhecer essas diferenças ao abordar a dor nas costas em mulheres. Compreender essas interações hormonais pode ajudar no desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamento mais eficazes para a dor nas costas em mulheres.

Dr. Rafael Barreto – CRM/SP 122.568