Que junho é um mês de datas comemorativas bastante apreciadas, isso todo mundo concorda, certo? Mas você sabia que o mês das festas caipiras e dos jantares à luz de velas é marcado pela importante campanha de conscientização da escoliose?
E eu, como médico ortopedista, convido você a embarcar nesse post comigo e conhecer um pouco mais dessa doença que afeta cerca de 4% da população mundial.
Do grego skoliosis, que significa “curvatura”, define-se por escoliose uma curvatura lateral da coluna vertebral, maior ou igual a 10 graus.
Para que você, caro leitor, possa entender melhor, a nossa coluna em condições ideais, quando vista de frente, deve ser reta com ombros e bacia na mesma altura. O desalinhamento, isto é, quando a assimetria fica aparente, nos dá uma visão da coluna que lembra um ‘”S”.
Contudo, o diagnóstico propriamente dito é feito por meio de uma radiografia de frente, além de que, anatomicamente, trata-se de um desvio tridimensional, o que significa que além de ser observado de frente, há alterações nas curvaturas consideradas normais quando vistas de lado (cifose e lordose) e, ainda, uma rotação das vértebras.
Essa rotação que descrevo caracteriza um dos principais sinais avaliados em um paciente com escoliose, o qual chamamos de Giba. Basicamente, o que acontece é que quando as vértebras rotacionam, também fazem com que as costelas na região toráxica rodem, além de toda a musculatura ao lado da coluna (lombar).
Com essa descrição, você praticamente deve ter sentido a dor aí, né? Na verdade, a escoliose é uma doença silenciosa, principalmente quando ocorre na adolescência, pela ausência de dor. E mais, por volta de 80% dos casos diagnosticados são idiopáticos, ou seja, não têm causa explicada.
O que se sabe é que ela pode ser genética, embora ainda não haja comprovação científica que corrobore. Existem ainda outros tipos da patologia, como as escolioses neuromusculares, desencadeadas por problemas neurológicos (paralisia cerebral e distrofia muscular); as escolioses congênitas, decorrentes de problemas na formação ou divisão dos ossos da coluna vertebral, já presentes no nascimento; e as sindrômicas, que podem ocorrer em pessoas portadoras de Síndrome de Down, por exemplo.
Ainda que seja mais comum na infância e adolescência, é possível que a doença seja identificada apenas na fase adulta, onde, possivelmente, suas complicações como dores, começam a incomodar.
O tratamento depende do grau de curvatura, podendo ser um acompanhamento, isto é, observação do caso, uso de coletes e, por último, cirurgia. Mesmo sem comprovação científica, existem terapias recomendadas que podem amenizar a condição, como a inclusão de atividades físicas, pilates, yoga e etc.
Além disso, uma nova técnica de tratamento para escoliose, chamada “baseado em evidência”, tem ganhado espaço na comunidade científica devido aos bons resultados obtidos. A abordagem não-cirúrgica utiliza métodos, exercícios e movimentos de fisioterapia pré-estabelecidos (mas isso é assunto para outro post).
Vale lembrar que, uma vez que sua origem é pouco conhecida, é difícil falarmos em prevenção, por outro lado, é possível observar sinais nas crianças e, no caso de alguma distorção, procurar um especialista.