Se tem um esporte capaz de agregar em uma mesma competição atletas de ponta e pessoas que estão começando, esse esporte é a corrida de rua. Apesar das provas estarem suspensas por conta das medidas de prevenção da contaminação pelo coronavírus, a corrida de rua segue sendo uma opção individual que mantém o esporte em dia, melhorando as capacidades físicas, o humor e a qualidade de vida. Por lazer, por esporte recreativo ou competitivo, a corrida de rua tem a vantagem de ser realizada ao ar livre e o baixo custo para praticar. Tudo que você precisa é de treino e de um calçado adequado.

No entanto, como qualquer prática esportiva, quem se aventura na corrida de rua está exposto aos fatores que favorecem o aparecimento de lesões. Você já sentiu uma fisgada ou uma dorzinha chata depois de praticar algum exercício mais intenso? A dor ou incapacidade para treinos e/ou competições pode surgir e por isso é importante tomar alguns cuidados.

E que lesões são essas? As mais descritas entre os praticantes de corrida são as distensões e os estiramentos musculares, mas também podem ocorrer fraturas, luxações, tendinites e entorses. Na maioria das vezes, essas condições surgem por conta de erros de técnica, alongamento e aquecimento insuficientes, uso de calçados inadequados e por falta de acompanhamento médico. Também precisamos considerar os fatores que antecedem a competição e que podem impactar o desempenho, como por exemplo, a carga de treino, a preparação física para a corrida, a recuperação pós-treino, a técnica da corrida, a superfície de treino e o controle de peso e composição corporal.

As lesões nos praticantes de corrida de rua podem ser limitantes e impedir a atividade esportiva. É o impacto repetitivo e que se mantém por tempo prolongado que pode levar à dor na coluna. O sobrepeso, a fraqueza e os desequilíbrios musculares, ou a técnica mal executada levam à sobrecarga e favorecem o aparecimento das lesões.

Uma boa notícia é que a maior parte das dores na coluna tem origem muscular e apresenta melhora significativa depois de alguns dias. Quando a dor persistir, deve ser avaliada por um especialista para um diagnóstico e tratamento adequado. Listei abaixo os principais tipos de dor que podem surgir na coluna:

  • Dor muscular: é a mais comum. Geralmente acontece por conta de um aumento na carga de treino, de forma que provoca um esforço maior na musculatura da coluna e do quadril. A tendência é que haja melhora espontânea em uma ou duas semanas.

  • Dor discogênica: é aquela que acontece por conta de lesões no disco intervertebral. Ao inclinar o tronco para a frente, deflexão do tronco, a dor tende a piorar. É essencial o acompanhamento médico para orientação e tratamentos adequados.

  • Dor facetária: facetas são as pequenas articulações entre uma vértebra e outra. O atrito no local pode gerar desgaste e dor que piora com os movimentos de extensão da coluna. É mais comum entre os corredores mais velhos.

  • Dor sacroilíaca: dor localizada na parte mais baixa da coluna e que envolve também a região do quadril.

Por fim, quero lembrar que a corrida de rua exige condições específicas de treinamento. É importante que você faça um acompanhamento com equipe multidisciplinar para que o treino seja adequado e adaptado ao seu corpo. Esses cuidados ajudam na prevenção de dor e de lesões limitantes.


Dr. Rafael Barreto – CRM/SP 122.568