Nosso corpo é todo conectado. Muitas vezes, a lesão em um local impacta outro. É o que acontece entre a coluna cervical e os ombros. Essas são regiões que possuem uma estreita conexão, o que faz com que a sobrecarga e a lesão em uma delas impacte a outra. Isso significa que se uma pessoa tem algum problema nos ombros pode estar associado a alterações na cervical?
A resposta é sim. É comum que lesões nessas regiões estejam associadas. E um grande fator a que devemos estar atentos é a postura.
O avanço da tecnologia e as mudanças no formato de trabalho e no estilo de vida das pessoas provocaram um maior risco de lesões no pescoço e ombros. Isso acontece porque, além de uma maior tensão mental com as demandas cada vez mais altas, muitas vezes a postura de flexão do pescoço e fechamento dos ombros é mantida por um longo período. O resultado é a sobrecarga em diversas estruturas.
Esta postura inadequada provoca danos às fibras musculares, altera o equilíbrio dinâmico e estático e afeta a mecânica do movimento. Em outras palavras, não favorece a melhor posição para que músculos e articulações atuem no seu melhor desempenho e menor gasto energético. Ao contrário, traz prejuízos e maior chance de lesões em músculos, ligamentos, articulações e outros tecidos envolvidos tanto na região cervical quanto nos ombros.
Quando existe uma lesão na coluna cervical, esta também pode afetar os ombros de diferentes maneiras. Como os nervos responsáveis pela sensibilidade e movimento dos membros superiores partem da coluna cervical, a dor pode começar no pescoço e irradiar para a região dos ombros ou braços, manifestando-se com perda de sensibilidade, força e até rigidez articular. Situações que provocam diminuição do espaço articular e compressão de nervo, tais como hérnia de disco e artrose, podem provocar esses sintomas nos ombros e braços.
Além disso, quando se tem alguma dor no pescoço é comum que a pessoa adquira atitudes de rigidez no movimento como forma de proteção. Isso faz com que a mobilidade diminua ainda mais desencadeando dores em toda a musculatura ao redor, como por exemplo os músculos do pescoço, trapézio, deltóide etc.
Medidas que minimizam a tensão e melhoram a rigidez são importantes, mas é preciso ter em mente que elas são consequência: a real causa dos sintomas deve ser identificada e tratada adequadamente.
Dr. Rafael Barreto – CRM/SP 122.568