O ano é 2021 e ainda estamos vivendo consequências de uma pandemia provocada pela Covid-19. Como você deve saber, a doença se caracteriza por uma infecção respiratória que desencadeia sintomas que incluem febre, tosse, fadiga e, em casos mais graves, pode causar pneumonia, edema pulmonar, síndrome da insuficiência respiratória aguda e falência de múltiplos órgãos, podendo levar à morte. A rápida disseminação do coronavírus provocou a necessidade de medidas de isolamento no mundo todo, afetando não só a economia e a rotina escolar, mas também a saúde física, mental e emocional.

Nesse cenário, tivemos o adiamento ou cancelamento de eventos esportivos, inclusive no Brasil. Diversas modalidades, não só coletivas, mas também individuais, como ciclismo e corrida, tiveram competições canceladas. A suspensão das competições colocou os atletas em um momento de transição com relação ao seu período de treino, modificando completamente a sua rotina. Diante dessas circunstâncias, algumas pesquisas buscaram avaliar não só a influência do isolamento nas capacidades físicas e desempenho dos atletas, mas também a influência na motivação, no estresse e outras mudanças comportamentais.

O que foi observado é que a comunicação inadequada entre os atletas e seus treinadores, a ausência de treinamento e a falta de competições organizadas que direcionam e motivam o atleta prejudicaram as condições de treino e trouxeram algumas consequências:

  • O período de destreinamento afeta os diferentes sistemas fisiológicos, como o neuromuscular, cardiovascular, respiratório e suas capacidades físicas correspondentes, influenciando a força muscular e potência, a resistência e a flexibilidade;

  • Alguns autores apontaram que reduções no desempenho neuromuscular podem ser observadas com 2 a 4 semanas de interrupção no treinamento, provocando perda de desempenho;

  • O mesmo acontece com o desempenho aeróbico e muitos atletas relataram a percepção da perda da aptidão cardiorrespiratória;

  • A nutrição inadequada pelo isolamento em casa associada às mudanças das variáveis de treino também levaram ao aumento de IMC (índice de massa corporal) nos atletas, principalmente quando a modalidade não possibilitou o seguimento com treinos indoor;

  • Com relação aos domínios psicológicos e comportamentais, o isolamento trouxe baixa motivação, piora da qualidade do sono, alto estresse e aumento do consumo de álcool. Essas mudanças negativas podem ocorrer devido à falta de competição, desmotivando os atletas a manterem sua rotina normal de treinamento.

São consequências que se instalaram na vida de muitos de nós, atletas ou não. Diante da situação que surgiu, alguns atletas talvez nunca mais tenham a chance de voltar a participar de algumas competições, uma vez que os eventos esportivos mais importantes do mundo foram cancelados ou adiados. Essa mudança em suas vidas pode desencadear graves problemas emocionais no futuro. Por isso, é importante buscar estratégias que amenizem os efeitos do isolamento.