São múltiplos os fatores que levam ao surgimento da lombalgia e, em grande parte dos casos, não é possível diagnosticar uma causa. A questão passa a exigir mais cuidados quando a dor persiste por longos períodos e se torna crônica, pois ela pode impactar diretamente no bem-estar, prejudicando o trabalho e até as atividades diárias. Mas será que existem maneiras de evitar que a lombalgia se torne crônica?

Em primeiro lugar precisamos entender de que tipo de lombalgia estamos falando. Como eu disse, a origem da dor lombar é complexa e multifatorial. Algumas delas, como traumas, fraturas, infecções, protrusões e hérnias de disco ou lesões ósseas por neoplasias são reconhecíveis e específicas. Em muitos casos, no entanto, não é possível diagnosticar uma causa, e nestes casos usamos a classificação como dor lombar inespecífica ou idiopática.

A maioria das lombalgias idiopáticas não requer investigação complementar por métodos de imagem, devido à alta frequência e à alta taxa de recuperação com terapia convencional. No entanto, a persistência da dor lombar por mais de seis semanas é um sinal de alerta que merece mais investigação.

Um ponto importante a ser considerado é quando a causa está relacionada à degeneração discal. Essa degeneração acontece devido ao processo natural de envelhecimento. Quando esse processo está mais avançado, leva a alterações das propriedades do disco, prejudicando seu suporte biomecânico, podendo sobrecarregar as estruturas articulares e ligamentares. Com o tempo, a dor crônica traz como consequências aumento da instabilidade da coluna lombar e alteração da forma da disco, com formação de abaulamentos, fissuras e saliências.

Mas como podemos então evitar que uma lombalgia se torne crônica?

Tudo depende da causa, e cada caso deve ser investigado individualmente, claro. Mas, quando consideramos os efeitos do processo natural de envelhecimento da coluna, podemos sim adotar algumas medidas que colaboram para frear essa degeneração. Abaixo faço uma lista de fatores que podemos ter atenção:

  • Atenção à postura: sim, sempre gosto de reforçar a importância de se manter uma boa postura ao sentar, no trabalho, na escola. Existem diversas práticas terapêuticas que se dedicam a melhorar a postura. O Pilates é uma delas e pode ajudar na consciência e educação postural, além de trabalhar os músculos e as articulações.
  • Exercícios: eles são aliados à nossa saúde como um todo, inclusive da coluna. Exercícios com peso devem ser realizados com posicionamento e apoio adequados para a coluna, mas são essenciais para promover o ganho e a manutenção da estabilidade e da sustentação.
  • Posicionamento: parece simples, mas mudar de posição é uma atenção a mais com a sua coluna. Permanecer sentado ou em pé por muito tempo coloca maior sobrecarga em determinadas estruturas. Além disso, ao pegar objetos pesados do chão, ao invés de curvar a coluna, o recomendado é dobrar os joelhos e manter o objeto próximo ao corpo ao carregá-lo.
  • Cuide do seu sono: a qualidade do seu sono também impacta na sua saúde. Esteja atento à maneira como você dorme e prefira dormir de lado com o travesseiro na altura adequada para o seu pescoço, nem muito baixo e nem muito alto. Outro ponto para avaliar é o seu colchão, que não deve ser mole demais nem excessivamente duro.

Em resumo: prevenção é a palavra. Com atenção e cuidados é possível sim evitar que uma lombalgia se torne crônica. Para orientações específicas para o seu caso, procure um especialista.


Dr. Rafael Barreto – CRM/SP 122.568